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14/05/2020 Rodrigo Martins
Conheça a história do maior locutor de vaquejada do Brasil
Poucos esportes no mundo tem a honra de possuir grandes narradores em sua história. A vaquejada se orgulha de ter nomes como Zito Barbosa, Gilmar Locutor, Marcelo Porto, Prefeito Locutor e dezenas de outras personalidades. Mas uma voz ficou marcada pela energia contagiante de Roger Marcolino.
Nascido em Jaguaribe-CE e radicado na cidade de Campo Maior, no estado do Piauí,  Roger foi além da narração nas principais provas de vaquejada do Brasil, durante a década de 90 e início dos anos 2000. Na realidade, este cearense foi um vanguardista da técnica de chamar boi. Seu feito é tão marcante que o ex-bancário entrou para a história e até hoje é idolatrado pelos próprios companheiros de profissão e aficionados por vaquejada.
 
O locutor decacampeão brasileiro, Marcelo Porto, não economiza nos adjetivos quando o assunto é o ex-companheiro de narração. “O maior de todos os tempos. Foi um craque. Nesse, eu tenho o prazer de falar.”.
 
Já outra estrela da vaquejada segue a mesma opinião, porém com mais riqueza de detalhe pelo fato de ter convivido com Roger por um bom tempo, em turnês pelo país. Mesmo com uma carreira consolidada no esporte e mais de 30 anos de história, o potiguar não esquece de tudo o que aprendeu ao lado do amigo tratado como irmão. “Falar de Roger é falar do ícone da locução da vaquejada. Um cara que eu tive a oportunidade de narrar várias vaquejadas com ele e ter aprendido muito com ele. É um cara que revolucionou a vaquejada e muitas coisas que tem hoje na vaquejada ainda foram deixadas por ele.”, destacou Prefeito.
 
Algumas dessas inovações idealizadas e praticadas por Roger foi o simples fato de dar mais agilidade a competição ao chamar os vaqueiros em sequência. Há relatos de que em meados da década de 90, os competidores eram chamados individualmente. Já Roger fazia diferente. Ele chamava o vaqueiro da vez e já ia convidando os demais que estavam no rodízio, o que é comum nos dias de hoje. “ Ele botava a vaquejada pra andar com classe e com uma dicção pela qual todo mundo entendia o que ele tava falando.”, enfatizou Prefeito.
 
Outro exemplo de influência da narrativa de Roger Marcolino como locutor, são algumas frases ainda comuns nos dias de hoje durante as provas e criadas por ele. “Trava nos dedos da canhota, o boi desequilibra e cai”, “Trava na mão direita, o boi desequilibra e cai.”. 
 
Aluíso Fotógrato também é um admirador da narração de Roger e relembra uma confissão do locutor. “Ele disse a mim, que a primeira vaquejada que ele narrou aqui em Pernambuco foi no Parque Karne e keijo, na cidade de Igarassu-PE.”. Aluíso ainda desta as poesias declamadas por Roger durante suas narrações e a clareza nas palavras ao descrever a apresentação dos vaqueiros.
 
Infelizmente, a carreira de Roger acabou no dia 02 de novembro de 2003. O narrador sofreu um acidente entre as cidades de Campo Maior-PI e a capital Teresina. Na época, ele tinha 43 anos. Se fosse vivo, Roger Marcolino estaria hoje com 60 anos de idade.
 
Existem poucos registros deste ícone da vaquejada. Seja na internet, revistas, fotos ou vídeo. Acredita-se que muita coisa poderá ser esquecida na vaquejada, mas o nome Roger Marcolino será lembrado sempre que alguém se referir a algo extraordinário deste esporte.
Fotos: Aluíso Alves