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17/01/2025 Por: Alcimar de Paula
Vaquejada em Alta: Sucesso, Oportunidades e os Perigos do Oportunismo e da Inflação
A vaquejada atravessa o seu maior momento histórico, consolidando-se como um espetáculo cultural e esportivo que atrai multidões e movimenta cifras impressionantes no Brasil. Com competições cada vez mais estruturadas, cavalos de elite e a profissionalização dos vaqueiros, o esporte atingiu um patamar de prestígio que parecia inimaginável anos atrás. Porém, é nesse cenário de glória que se escondem armadilhas capazes de comprometer o futuro da vaquejada, exigindo atenção redobrada de todos os envolvidos.
 
A entrada da vaquejada no mercado de apostas, com aval do Ministério do Esporte, trouxe um dinamismo inédito, ampliando o alcance do esporte e gerando novas oportunidades econômicas. Mas, junto com os benefícios, veio também um fenômeno preocupante: a inflação artificial dos preços. Em leilões, cavalos alcançam valores exorbitantes, muitas vezes desconectados da realidade, alimentando uma bolha perigosa.
 
Como em qualquer mercado, a inflação cria um efeito dominó que afeta toda a cadeia produtiva. Preços desproporcionais geram desconfiança, retraem investimentos e, inevitavelmente, levam à estagnação. No curto prazo, isso pode atrair indivíduos motivados pelo lucro fácil; no longo prazo, as consequências são catastróficas. Sem fluxo real de capital, os mercados tendem a desacelerar, gerando uma crise de liquidez que afeta desde os criadores de cavalos até os organizadores de eventos. Essa lógica é bem conhecida em mercados financeiros e se aplica perfeitamente ao contexto da vaquejada.
 
Estruturas impressionantes e promessas vazias têm seduzido organizadores e compradores, mas frequentemente falham em se traduzir em liquidez ou resultados concretos. É hora de as leiloeiras serem mais rigorosas na seleção de compradores, priorizando aqueles que possuem um histórico de compromisso com o esporte. O mercado precisa valorizar quem construiu, ao longo dos anos, a base sólida sobre a qual a vaquejada está erguida hoje.
 
Ao mesmo tempo, o esporte precisa ser cauteloso com as “novas estrelas” que surgem, muitas vezes sem intenção de contribuir para o legado cultural e esportivo da vaquejada, mas sim de lucrar a qualquer custo. Esse tipo de comportamento pode colocar em risco a credibilidade que levou décadas para ser construída.
 
A vaquejada, além de espetáculo, é uma celebração da identidade sertaneja e da coragem de um povo. É um patrimônio cultural que vai muito além dos números e do luxo das arenas modernas. O crescimento do esporte precisa ser conduzido com responsabilidade, garantindo que os valores essenciais da vaquejada – força, tradição e coletividade – permaneçam intactos.
 
A inflação é, em essência, um ciclo que, sem controle, sempre culmina em estagnação. É tempo de reflexão e de agir com firmeza. O mercado precisa ser seletivo, rigoroso e comprometido com o que há de mais genuíno no esporte. O sucesso da vaquejada não pode ser sequestrado pelo oportunismo; ele precisa ser alicerçado na paixão e na dedicação de quem verdadeiramente ama e vive a essência desse universo. Somente assim será possível construir um futuro sólido, onde tradição e modernidade andem lado a lado, e onde a vaquejada continue sendo motivo de orgulho para o Brasil.
 
Alcimar de Paula