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09/03/2017
Especialistas debatem sobre a vaquejada no Congresso Nacional
A Comissão Especial sobre Vaquejadas da Câmara dos Deputados, realizou, na tarde desta quarta-feira (08), uma audiência pública para analisar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 304, que desconsidera cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais previstas na Constituição. Além dos parlamentares, a audiência contou com as participações do professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Hélio Manso; do vice-presidente da Comissão do Bem estar Animal da Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas (OAB-AL), Henrique Carvalho; e da representante do Fórum Nacional de Defesa e Proteção Animal, Vânia de Fátima Plaza Nunes.
 
Durante sua fala, o doutor em Veterinária, Hélio Manso, referência nacional em estudos em equinos e bovinos, apresentou dados de pesquisas científicas realizadas em vaquejadas em todo o país. De acordo com os registros, foi detectado, por meio de exames de hemogramas, que os níveis de creatina quinase (CK) e de cortisol não se elevaram. Também foi constatado que após participarem de uma “corrida”, os animais voltaram a praticar atividades normais nos currais.
 
“Após uma lesão, o músculo libera creatina, uma enzima que identifica se houve lesão. Outro índice que aponta se houve maus tratos é a quantidade do hormônio cortisol, que se eleva quando o animal está ou esteve sob estresse . Por meio de exames laboratoriais não detectamos a elevação nos índices da creatina e do cortisol. O que indica que aquele animal, principalmente os bois, não sofreu qualquer tipo de lesão. Os dois índices são os mais fidedignos realizados pelos laboratórios especializados e que atestam que não há maus tratos”, explicou.
 
O advogado Henrique Carvalho, defendeu que os parlamentares da comissão tomem como base para a votação os laudos científicos aprovados pelos conselhos de éticas de universidades federais como: USP, UNB, Federal de Viçosa. Além disso, apresentou a eficácia do protetor de cauda para evitar lesões no rabo do boi quando este é derrubado pelo vaqueiro.
 
“A elaboração do protetor de cauda surgiu dos médicos veterinários preocupados com a segurança do animal. Foram anos pesquisando, testando e patenteando até que o protetor fosse exigido em toda e qualquer vaquejada para garantir que o boi não sofra lesões na cauda. Ele funciona para que a força exercida pelo vaqueiro seja distribuída igualitariamente pelo rabo. Assim não há a necessidade de exercer uma força extraordinária que cause dor ou sofrimento ao animal, do contrário, uma criança não teria como derrubar um boi. A exemplo o pequeno Herivan Júnior, de 7 anos, que é o maior campeão de Alagoas”, contou.
 
Por fim, Henrique Carvalho destacou que os pareceres elaborados com base em fotografias e vídeos foram contratados por ONGs ativistas que são declaradamente contrárias às práticas das vaquejadas no país, sem nenhum embasamento científico. O advogado explicou que no Brasil existem duas instituições que fiscalizam as competições para garantir o bem estar e a segurança do animal.
 
“Hoje temos a Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Quarto de Milha (ABQM) e a Associação Brasileira de Vaquejada (ABQM) que fiscalizam as vaquejadas em todo o país para garantir que não há maus tratos nos animais. Com base em laudos científicos aprovados por conselhos de universidades federais, as medidas de segurança são tomadas. Os pareceres não possuem imparcialidade e não possuem bases científicas, por isso devem ser desconsiderados por vossas excelências”, explicou.
 
Ele destacou que a vaquejada movimenta quase R$ 800 milhões por ano no Brasil e gera 16 mil empregos, a grande maioria no Nordeste. Carvalho disse ainda que só 0,5% do rebanho nacional participa de rodeios e vaquejadas, e que cada animal só compete uma vez.
 
A PEC 304 foi aprovada por maioria dos votos no Senado Federal e agora tramita na Câmara dos Deputados para então, se aprovada, ser sancionada pelo presidente Michel Temer.
 
Foto e informações: Agência Câmara